Além de todos os desafios encarados diariamente na gestão de um colégio particular, os gestores escolares também se deparam com um tipo de desafio difícil de enxergar.
Gestores e mantenedores da rede privada de ensino básico no Brasil enfrentam dezenas, às vezes centenas, de desafios diários.
Desde a simples abertura da escola diariamente, para receber seus alunos, até problemas mais complexos, como o cumprimento de cronograma, o zelo pela saúde e segurança de todos os envolvidos no dia-a-dia escolar, a cobrança a pais inadimplentes, entre outras situações, fazem da rotina do gestor escolar algo totalmente sem rotina.
Não é fácil.
Mas os gestores enfrentam, também, outro desafio tão grande e tão complexo quanto todos os outros da sua rotina.
Ou até mais complexo.
Um desafio que está fora do alcance das ações do gestor escolar, mas que impacta (ou impactará) seu trabalho cada vez mais.
O Desafio Demográfico:
Nosso país passa por um período de envelhecimento e redução do crescimento da população, e isso afeta diretamente o mercado de educação básica.
Se no ano 2000 a população em idade escolar era de pouco mais de 68 milhões de habitantes (incluindo jovens de 0 a 19 anos), o que representava naquela época 40,2% da população brasileira, em 2018 esse número caiu para 60 milhões, ou 29,2% do total.
Uma queda de mais de 10% no total da população jovem brasileira (de 0 a 19 anos).
Essa situação, por si só já é relevante.
Mas se analisarmos as projeções de população do IBGE, vemos que a tendência de queda se mantém para os próximos anos.
Em 2025, por exemplo, a estimativa é que a população em idade escolar represente 26,7%, com um total de 58,4 milhões de habitantes.
Uma queda de mais 4% no total dessa população.
É certo que os dados estatísticos do IBGE (fonte para essa pesquisa) consideram os jovens até 19 anos e que nosso foco (educação básica) são os jovens até 17 anos.
Infelizmente não conseguimos extrair a informação detalhada apenas até essa idade.
Mas é certo que essa é uma situação que vai acabar impactando a realidade das instituições privadas.
Pena que ela é não é a única.
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Uma Estabilidade Incômoda:
Uma outra característica soma-se ao fato da população brasileira em idade escolar estar diminuindo, e deve ser motivo de preocupação dos gestores.
A estabilidade do mercado educacional como um todo.
Como podemos ver no gráfico acima, baseado nas informações do Censo Escolar (MEC), de 2015 pra cá o mercado da educação básica está estagnado.
Apesar do bom crescimento nos quinze primeiros anos deste século, quando a rede particular saltou de 12,23% do total de matrículas para 18,56% (um crescimento de mais de 51%), os últimos anos da série demonstram uma total paralisia.
Se analisarmos esse fato somado com a perspectiva da redução da população em idade escolar, veremos que o total de alunos na rede particular, na verdade, diminuiu nos últimos 4 anos.
Uma queda pequena, mas uma queda.
De exatamente 62,5 mil matrículas.
Que somada a mais um fator incômodo, pode se transformar num grande desafio.
Que fator é esse?
O Aumento da Concorrência:
Apesar da estagnação no total de matrículas na rede privada, o número de instituições particulares de ensino não parou de crescer, nem mesmo nos quatro últimos anos.
Se o crescimento desse número também já não é mais tão vigoroso quanto nos quinze primeiros anos deste século, há que se considerar que ele ainda assim é representativo.
Como vimos no primeiro gráfico desse post, em 2000 tínhamos pouco mais de 30 mil estabelecimentos de ensino particulares atendendo a educação básica.
Em 2018 esse número é de 40.572 instituições.
E não é que esse crescimento ocorreu só nos primeiros quinze anos deste século.
Ele foi mais vigoroso nesse período, mas continua ocorrendo.
De 2017 para 2018 foi registrado um aumento de 1,56% no número de escolas particulares, saltando de 39.950 para 40.572 instituições.
Ainda há muito mercado para a rede privada crescer, é fato. Ela ainda representa apenas 22,3% do total de instituições de ensino.
Mas também é fato que o crescimento do número de escolas não tem sido acompanhado pelo crescimento de matrículas, o que nos leva a perceber que o número médio de alunos por escola tem diminuído.
Há Solução:
O cenário desfavorável não é o fim do mundo.
Muito pelo contrário.
É uma possibilidade de se reinventar, criar e surpreender.
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